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Sonia Távora apresenta, como artista, interesse ampliado na manipulação de materiais e na elaboração de trabalhos que dialoguem com os conceitos de imagem e ocupação espacial. Assim elaboram-se séries de fotografias, gravuras e ocupações como Salto Triplo, 2006, Do outro lado e 221 instantes sob(re) o céu, 2008, Entre mundos, 2009/2010. 

 

Tanto elaborando interferências urbanas quanto nos espaços expositivos, Sonia aponta potencialmente para atividades que ativam reflexões imagéticas entre gravura, fotografia e escultura. Tais categorias não se tornam clausuras. São antes de tudo pontos de partida. Em Projeto Tapete Vermelho Praia de Ipanema, de 2006, a artista agregada em grupo como coletivo, pensa a cidade e sua paisagem. Em Ipanema, a absurda colocação de tapete na rua, hábito comumente destinado a recepções de hotéis ou cerimoniais, foi ampliada até chegar ao mar. Na orla da Lagoa Rodrigo de Freitas, o tecido branco quase translúcido servia como corte abrupto na paisagem paradisíaca. Colocado entre postes, o tecido velava erraticamente parte da paisagem, como crítica? Alerta? Aqui os trabalhos ganham atribuições polissêmicas, pois estão nas ruas das metrópoles, lugares cujos sentidos são tão ampliados quanto as concepções da própria obra de arte.

 

Com graus evidentes de sagacidade para ocupações urbanas, fotografias, gravuras, a artista se interessa atualmente por representar espelhos d’água. Fontes, Chafarizes, riachos em parques são parte das pesquisas às quais Sonia Távora empenha-se em poetizar como lugares, como memórias.

 

Marcelo Campos

Professor, crítico de arte e curador

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